Friday, November 17, 2006

Reminiscências ao som de New Order


New Order. 1980 e alguma coisa, eu moleque de tudo. Turma da escola, identidade em mutação, namoricos que começam a florescer – mais imaginação que qualquer outra coisa; as meninas da mesma idade só querem saber de caras mais velhos. E as mais velhas, com suas curvas insinuantes em estado de abundância, não dão bola para pirralho.

Começava a descobrir que gostava de rock and roll – e suas variadas vertentes, como punk, hard rock e o pós-punk regado a eletrônico do New Order.

Tinha 12 anos quando comprei o bolachão Brotherhood, LP de 1986. Até hoje me lembro da capa acinzentada, meio escurecida, sem figuras. Com músicas como Every Little Counts, que nas minhas viagens lembrava Lou Reed (Walk on the wild side), cujo som também acabara de conhecer. E Bizarre Love Tringle, a música do New Order que mais enfeitiçou na época e ainda hoje permanece em minha memória como a fotografia de um tempo bom. Na minha e na de uma turma sem-fim.

Prova disso foi a platéia vir abaixo quando a banda tocou a canção no show da terça-feira passada, aqui São Paulo. Foi de arrepiar: era a catarse de uma geração que cresceu ouvindo New Order, mas que nunca havia tido a chance de ver um show deles – o grupo só havia tocado no Brasil em 1988, quando eu ainda era muito moleque para encarar um show de rock. A casa inteira pulando, multidão enlouquecida. Outros grandes momentos foram com Blue Monday e Love will tears us apart, do Joy Division.

New Order. O tempo passa, chegam os primeiros sinais de rugas, não temos mais o mesmo pique que antes – embora relutemos em aceitar essa verdade inquestionável. Mas tudo bem, ainda temos muita lenha para queimar. O importante dessa história é que ainda há alguma coisa lá no fundo que nos mantém unidos ao que fomos no momento das primeiras descobertas da vida. Ainda bem. Estou vivo – e quero mais.


Videoclipe de Bizarre Love Triangle

8 comments:

hpg said...

Ruminessências ao som de New Order: foi Laura Fernanda, aquela que comia unha do dedão do pé, quem gravou-me a fita cassete do álbum.

Anonymous said...

sorry, mas estive lá em 88, sem pança, e com muita esperança, vendo blue mondey dilapidar velhos conceitos da roqueirada careta.

Anonymous said...

Looooooooooooooove, loooooooooooooove, looooooooooooooove
wiil tears us apart,
again.

Clayton Melo said...

again...

Clayton Melo said...

Você foi em 1988, mas não foi agora - e Blue Monday mantém a magia, embora os tempos sejam outros.A roqueirada, como diz, hoje está um pouco mais arejada, creio. Estou enganado? Estou falando da "roqueirada mesmo", não a onda pop rock que impera atualmente.

Clayton Melo said...

Hpg, fita cassete: meu Deus!

Anonymous said...

o meu ex-cunhadinho ouvia New Oeder e eu ficava azucrinando ele ... hoje a gente baba pelo Chemical Brother ...

Anonymous said...

Oi Clayton!

Adorei tua pequena viagem ao passado... Lembrei que tenho Bizarre Love Triangle gravada numa "fita" até hoje (sim, esse é o tipo de tesouro que quero deixar para minha filha).
Beijo da Fê

anotaí meu endereço novo: http://vivenoaprendeno.blogspot.com