Quis contar essa história antes de começar só para dizer que sei que você não tem a chave. Ninguém nunca a teve. Não precisamos de chave. A porta está aberta. Entre em sua casa.”
(Pierre Lévy, em O Fogo Liberador, editora Iluminuras)

Não abri a porta. Na verdade, não rodei a catraca do estacionamento. Fim de expediente, ia para o carro, no terceiro subsolo. Notei que estava sem o crachá que libera eletronicamente a passagem. Voltar? Nem pensar.Vou adiante, mostrando que, para mim, cancelas existem para que sejam transpostas. E não adianta esse olho onipresente em formato de bola de futebol de salão ficar me espiando. Pode olhar. Eu pulo. Cibernética de meia tigela. Você pode comigo em outras coisas: rastreia meus dados bancários, instala um chip em meu cérebro para saber a cor da embalagem de sucrilhos que mais me apetece. Sabe até se eu acessei algum site com fotos da Gretchen nuinha da silva. Pela minha íris, sabe se meu CPF está na Serasa ou no SPC.
Mas aqui, nesse momento, eu dou uma banana para você e pulo. Sei que você pode cerrar a outra cancela, aquela que vai impedir meu carro de passar, mas eu também passo por cima dela. Igual nos filmes americanos. Duvida?
Pronto. Pulei.
– Hei, porque você não rodou a catraca?, falou uma mulher que acabara de chegar.
O sistema estava desligado. A passagem estava liberada.
Clayton
2 comments:
"se a rede a maior do que o meu amor não tem quem me prove"
"Eu caio na rede não tem quem não kaya"
Lenine
"se a rede a maior do que o meu amor não tem quem me prove"
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Lenine
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