Wednesday, January 31, 2007

Police de volta?



Saudosos da banda inglesa, uma boa notícia: o grupo, que se formou na década de 70 e se separou em 1986 – vai se reunir para um show em fevereiro, no dia 11, para abrir a 49a edição do Grammy (clique aqui para saber mais).

Trata-se apenas de uma apresentação, mas foi o que bastou para surgirem especulações sobre a possível volta definitiva aos palcos da banda composta por Sting, Stewart Copeland e Andy Summer. Dizem até que eles estariam planejando uma turnê pelos EUA e Inglaterra neste ano.

A banda nega que vá retornar de vez à labuta, mas nunca se sabe...

Pode ser nostalgia, mas bem que gostaria de vê-los na ativa novamente.

Saturday, January 27, 2007

Túnel do tempo

Pérola: Língua de Trapo tocando, no Festival dos Festivais, da Globo, o "hit" "Os Metaleiros também amam". A música ficou entre as 12 finalistas do festival. Era 1985, mesmo ano em que foi realizado o Rock in Rio e o heavy metal andava em voga.

Sensacional.





Para ver outro post sobre Língua de Trapo, clique aqui

Wednesday, January 24, 2007

A roupa do filho

Dona Josefa abraçava o corpo do filho morto, já dentro do caixão. Chorava muito. Depois, acariciava o rosto e relembrava a história do seu menino, da infância até o instante fatal em que bandidos o assassinaram a tiros. Geraldo Gomes da Silva tinha 23 anos. O crime ocorreu em Prazeres, Jaboatão dos Guararapes, região metropolitana do Recife.

De repente, Dona Josefa notou algo estranho. Percebeu que seu garoto, que mantinha barba, estava com o rosto liso. “O que será que aconteceu. Será que foi o pessoal do IML? Quem tirou a barba dele?”, pensou. Mas, fazer o quê, de nada adiantava conjecturar a respeito da face sem barba do filho.

Depois de 18 horas de velório, Geraldo foi enterrado.

Quatro horas depois do enterro, no entanto, um agente funerário telefona para a família:
- Olha, aconteceu uma confusão. Quem foi enterrado não foi o parente de vocês. O corpo do Geraldo está no IML.

No lugar de Geraldo, fora enviado um certo Edimilson, também morto a tiros. A troca dos cadáveres ocorreu porque, no momento do reconhecimento do cadáver, Edimilson estava vestido com as roupas de Geraldo.

- Eu reconheci o corpo por causa da roupa que levei pra ele –, disse Marcelo Gomes da Silva, irmão de Geraldo.

Desfeita a confusão, novo velório e enterro para Geraldo, que finalmente pôde descansar em paz.

O Chlamydoselachus anguineus vai te pegar

Ele também atende pela alcunha de tubarão-cobra

E de repente, o estalo

PAC!

Monday, January 22, 2007

Cratera´s tour

Vi hoje de manhã do Bom Dia São Paulo: tem gente que está aproveitando os finais de semana para passear na Marginal. Além de fazer aquele cooper básico, o programa tem segundas intenções: conhecer a Cratera.

"Vim aqui dar uma visitadinha, conhecer a cratera. Todo mundo fala nela", disse uma transeunte.

É o Cratera´s Tour.

Inovações no blog

Como um uma musiquinha sempre cai bem, a partir de agora haverá faixas disponíveis do blog. Dá uma olhadinha à sua direita, ó. É só clicar e correr pro abraço.
Hoje a trinca de ouro vai na pegada punk: Ramones, The Clash e Iggy Pop.

Efeito cratera

Domingo sem sol. Nada de carros, passeio livre. Por causa da Cratera. Hora do jogging dominical, com paisagem aquática de fundo. No simulacro bucólico, o cenário mais parece uma sessão de terapia urbana. Psicodrama coletivo. Com calção da 25 de março e tênis do Largo Treze. Ou comprado numa chiquetérrima loja de sports wear, com amortecedor e apliques visuais. Papai, mamãe, vovó, titia – família.

O cara do barrigão sobe na bicicleta, solta o guidom, abre os braços e proclama a liberdade:

- Marginal fechada! Uhu!

Fio da navalha

Caminhamos no fio da navalha, entre o grito e o silêncio, o assombro e a apatia. Equilibristas do abismo, em busca não sabemos do quê - apenas caminhamos. Sem destino, sem direção. Seres humanos.

Friday, January 19, 2007

Anna Karina, musa para sempre

Devaneios poéticos pós-sessão, na Retrospectiva de Godard na Cinemateca Brasileira, de Uma mulher é uma mulher, com Anna Karina, no auge do talento e da beleza.

Rock, jazz, strip girl com jeito menina. Liberação dos desejos – com graça, poesia. Jump-cuts, Eisenstein na balada pop. Revolução dos costumes, o mundo começa a mudar –e a ser mais colorido. Fragmentado. Pós-moderno.

E eis que Godard nos vem com Anna Karina – fascínio e sutiliza à flor da pele. Que musa é essa que nos moldou a cinefilia do desejo? Que inspirou um novo sentido para o feminino? Close: Uma mulher é uma mulher. Vamos viver a vida. Com Anna Karina.

Caixão de bacana não entra

O corpo seria levado para o cemitério da Alegria. Francisco Sabino Torres, o nome dele. Caixão de luxo. Pago pelo Consórcio Via Amarela, o mesmo que responde pelas obras que resultaram na cratera gigante perto da Marginal Pinheiros. O mesmo que negou inicialmente haver pessoas soterradas. A cratera é a mesma que engoliu o caminhão em que estava Francisco, esse mesmo, aquele que morreu por ter ido ao local da tragédia buscar a carteira de habilitação. Morava em Francisco Morato.

Caixão de gente fina. Grande. Largo. Não coube no pequeno retângulo de concreto aberto no meio da terra. Ali, só caixão de pobre, do tamanho do bolso.

Mas pra tudo se dá um jeito. Para não ficar encalacrado, o corpo foi enterrado de lado.

Todo mundo viu. Menos o secretário estadual de Justiça, Luiz Antonio Marrey, que fora ao cemitério da Alegria dar as condolências à família, mas foi embora antes do fim do enterro. De helicóptero.

Thursday, January 18, 2007

Voltou para pegar a habilitação

Francisco Sabino Torres, 47 anos, motorista de caminhão. Trabalhava nas obras da Linha 4 do Metrô de São Paulo, em Pinheiros. De lá tirava o dinheiro para sustentar mulher e três filhos. Percebeu algo errado. Um estalo. O chão tremia, muito – um negócio bem estranho. Desceu do caminhão e tratou de se mandar.

Então se lembrou: “Minha habilitação!”

Voltou para o caminhão.

Ontem seu corpo foi retirado dos escombros da cratera que engoliu a metrópole.

Wednesday, January 17, 2007

Maratona Godard

Não é toda hora que aparece uma oportunidade de ouro para a cenefilia como esta que a Cinemateca Brasileira nos reserva: será apresentada, de hoje até o dia 11 de fevereiro, a Retrospectiva Jean-Luc Godard, na própria Cinemateca, em São Paulo. Para quem é fá desse que é um dos precursores da nouvelle vague francesa – ou deseja conhecer melhor a obra do diretor de Made in USA e Viver a Vida –, trata-se de uma chance imperdível, dada a escassez de filmes de Godard disponíveis no Brasil.

Não tenho certeza e posso perfeitamente estar enganado, mas talvez a última grande retrospectiva de Godard é a que foi realizada em 2002, no Cinesesc. Tive a oportunidade de ver na ocasião muitos dos filmes agora programados pela Cinemateca, como Pierrot, le fou, Passion, Desprezo, Detetive, Tempo de Guerra, Uma mulher é uma mulher e Alphaville, entre outros. O gosto por essa descoberta está vivo até hoje em mim.

Maratonas cinematográficas como essas são uma ótima ocasião para desfazer mitos e preconceitos contra Godard. O primeiro deles é de que é um cineasta chato. Essa imagem surge do fato de que Godard busca um cinema que exige a interação por parte do espectador, ou seja, a entrega do espectador é fundamental para que de fato haja um diálogo entre a obra e quem a assiste. Ele não entrega a refeição mastigada; não é passatempo fast-food. Godard usa a forma para reforçar o discurso.

Anna Karina, musa de Godard
Especialmente nos últimos tempos ele passou a produzir filmes que se aproximam da poesia ou de ensaios audiovisuais – Je vous salue Marie (1985), Nossa Música (2004) e Elogio ao Amor ( 2001) vão nessa linha. São filmes belos e importantes, mas que exigem muito do espectador. Daí a fama. Mas se o espectador estiver disposto a mergulhar nessas reflexões, o resultado é compensador.

Feita essa observação, é preciso dizer que a carreira de Godard é feita de fases, das quais a inicial é composta por filmes que não fazem jus à má fama atribuída por quem é prefere um tipo cinema que dialoga mais facilmente com as grandes platéias.
Como bem observou Alcino Leite Neto, jornalista da Folha, em artigo de 2003, com Godard “ocorria, pela primeira vez, a emergência do pop no cinema, com imensa liberdade de estilo, rompendo todas as amarras da tradição cinematográfica e artística”.

Acossado

Acossado, que abre a retrospectiva, serve de exemplo. Lançado em 1960 – no embalo da ótima aceitação conferida a Os Incompreendidos (François Truffaut) e Hiroshima, meu Amor (Alain Resnais), tidos como os filmes inaugurais da nouvelle vague –, Acossado é o primeiro longa de Godard, conhecido até então pelo trabalho como crítico para a Cahiers du Cinéma, a tradicional revista francesa de cinema.

Embalado por um certo tom satírico e irônico, Acossado remete aos filmes noir produzidos nos EUA, com Michel Poiccard (Jean-Paul Belmondo), um debochado ladrão parisiense que admira Humprey Bogar, como protagonista. Esse personagem remete, às avessas, aos gângsteres dos filmes americanos. No filme, ele mata um policial que o perseguia pelo fato de ter furtado um carro. Poiccard quer fugir para a Itália e levar junto Patrícia (Jean Seberg), uma bela jovem americana.

Acossado é considerado um dos filmes – se não “o” filme – que inaugura o cinema moderno. Isso se deve, entre outros tantos motivos, pelas inovações no modo de filmar – especialmente na montagem, com uso da técnica de faux raccord, que quebra a seqüência das imagens e torna a narrativa ágil e fragmentada. Também deve ser destacada a abordagem moderna de temas como libertação feminina, política, a Guerra Fria, existencialismo e as aspirações da inquieta juventude dos anos 60.
Outros filmes que vão na contramão do senso comum – e podem agradar não apenas aos já fãs de Godard – são os já citados Pierrot, le fou, Alphaville, O pequeno soldado e Detetive.
Vou voltar ao assunto nos próximos dias.

Os filmes exibidos hoje na retrospectiva:

15h30 Acossado
17h20 Uma mulher é uma mulher
19h10 Viver a vida
21h00 O pequeno soldado


Atenção para o serviço:
Sala Cinemateca
Largo Senador Raul Cardoso, 207 – Vila Mariana
próxima ao Metrô Vila Mariana
Outras informações: 5084-2177 (ramal 210) ou 5081-2954

Ingressos: R$ 8,00 (inteira) / R$ 4,00 (meia-entrada)

Atenção: Estudantes do Ensino Fundamental e Médio de Escolas Públicas têm direito à entrada gratuita mediante a apresentação da carteirinha.

Para ver a programação completa, clique aqui

Friday, January 12, 2007

Vietnã reloaded

O Iraque é o Vietnã do Bush

Thursday, January 11, 2007

Homenagem ao Tony Blair, o fiel escudeiro do Bush



"No future/No future/No future for you"
Sex Pistols: God Save the queen.

Homenagem ao Bush

O negócio tá punk atualmente. Portanto, Dead Kennedys, banda que sempre atacou todos os presidentes dos EUA.
California Uber Alles.


Nova rodada do WAR

Em andamento desde 2003, ingressamos agora numa nova rodada do WAR II (sim, é o II porque teve o WAR I foi em 1991 e também porque no II pode usar aviãozinho) : o jogador George W. Bush trocou as cartas, somou os territórios que possui e assim obteve mais 20 mil exércitos – mas há competidores, adversários ou mesmo aliados que alegam que ele está roubando no jogo ( “Não tem direito a 20 mil, não senhor, isso vai ter de ser aprovado em votação no Congresso do Jogo War).

Ele vai despejar tudo no território Iraque, mais especificamente na capital Bagdá. Quem possui interesses nos territórios próximos ( Síria, Irã etc), que se cuide: o objetivo de Georginho deve ser destruir aquela joça toda lá ou conquistar esses territórios de meia tigela. Ou também deve ser a conquista de um total de 50 territórios mais a África, porque ele também está metendo o bedelho na Somália, vai saber?

Wednesday, January 10, 2007

As reflexões de Tarkovski


Como presente de aniversário, ganhei da Lucia Faria, minha amiga e sócia, um belo livro – que o Ivo, marido dela, já havia me recomendado em dezembro: “Esculpir o tempo” (Martins Fontes), de Andrei Tarkovski, cineasta russo (1932-1986). Comecei a lê-lo ontem e já estou encantado.

Na introdução, Tarkovski (O Espelho, Solaris, A infância de Ivan) explica que o livro nasceu da intenção de refletir sobre o seu fazer artístico, o modo como seu trabalho pode ser confrontado com a de outros cineastas e que fatores diferenciam o cinema das demais artes. Floresce em cada linha, além da erudição, um profundo respeito pelo ser humano e o entendimento de que o cinema como canal para expressar em profundidade o sentido da aventura humana.

As poucas páginas já percorridas foram suficientes para ler apontamentos valiosos, como estes listados abaixo:

“A criação artística, afinal, não está sujeita a leis absolutas e válidas para todas as épocas; uma vez que está ligada ao objetivo mais geral do conhecimento do mundo, ela tem um número infinito de facetas e de vínculos que ligam o homem a sua atividade vital; e, mesmo que seja interminável o caminho que leva ao conhecimento, nenhum dos passos que aproximam o homem de uma compreensão plena do significado da sua existência pode ser desprezado como pequeno demais”.

Outro trecho a destacar é aquele em que defende a importância de a obra artística, em vez de entregar as emoções prontas e mastigadas para o público, provocar o espectador, instigá-lo a refletir e a se abrir para um diálogo efetivo com a arte. Diz Tarkoviski:

“O método pelo qual o artista obriga o público a reconstruir o todo através das suas partes e a refletir, indo além daquilo que foi dito explicitamente, é o único capaz de colocar o público em igualdade de condições com o artista no processo de percepção do filme. E, na verdade, do ponto de vista do respeito mútuo, só esse tipo de reciprocidade é digno dos procedimentos artísticos”.

A leitura promete.

Tuesday, January 09, 2007

Artigo sobre fim de contribuição ao Sesc

Foi publicado hoje na Folha de S.Paulo (Tendências e Debates) - e reproduzido logo abaixo - um artigo de Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc-SP, sobre o impacto da lei do Super Simples para entidades como o Sesc.

Recomendo a leitura, dada a importância do tema em discussão. Não se pode aceitar a redução de recursos disponíveis a entidades que efetivamente desempenham um papel cultural relevante, como o Sesc. O tema já havia sido abordado neste blog no dia 16 de novembro

São Paulo, terça-feira, 09 de janeiro de 2007

Parece super simples, mas não é

DANILO SANTOS DE MIRANDA

O Supersimples entrará em vigor em seis meses. É prazo suficiente para os autores repararem os danos que causa o atual texto da lei

A APROVAÇÃO quase unânime do Supersimples é sintomática do nível insuportável a que chegaram a nossa kafkiana burocracia tributária e a barafunda cruzada dos impostos municipais, estaduais e federais, cujos efeitos mais danosos vinham recaindo justamente sobre as micro e pequenas empresas, as mais vulneráveis.

A simplificação, a desburocratização e a unificação dos impostos, a par de uma redução da tributação -que seriam a tradução econômica da modernidade-, não poderiam ter chegado em melhor hora. Para todos, ou, ao menos, para quase todos. Sim, pois, na verdade, o Supersimples não é tão simples quanto parece, nem o sentido de modernidade que lhe é atribuído é tão exemplar assim.

Ninguém diz, mas há muitos perdedores com a nova lei, sobre os quais pouco se tem falado e que não se transformaram em perdedores porque eram adversários; pelo contrário, alguns foram aliados de primeira hora de tudo o quanto neste país se pensou e se aspirou acerca de desenvolvimento e modernidade. Referimo-nos ao Sesc (Serviço Social do Comércio) e ao Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), duramente atingidos ao se isentar as micro e pequenas empresas da contribuição que faziam para sua manutenção. Embora outros dos chamados "S" também sofram prejuízos, o impacto é maior para as entidades do comércio e serviços, setor em que predominam as empresas de pequeno porte.

Não vamos entrar na análise da burla constitucional dessa isenção -os recursos das entidades são garantidos pelo artigo 240 da Constituição, portanto invioláveis-, num magistral gesto de cortesia feito com o chapéu alheio pelo Executivo, com o aval do Legislativo, além de contundente manifestação de desapreço para com os "S", os quais certamente não têm para eles nenhuma relevância, mesmo que lhes dediquem homenagens protocolares de aniversário. É o que explicaria também o fato de nem mesmo levarem em consideração a vitória clara dessas entidades na Justiça em demanda contra outra descabida isenção feita pela receita federal no antigo Simples, que nem sequer a previa. Mais que vencer no campo legal, contudo, importa a essas entidades vencer no plano dos valores, pois seus compromissos com a sociedade brasileira vão muito além da letra da lei.

A modernidade é um desses valores -por ironia, a mesma modernidade que parece ter inspirado o Supersimples, de tão nefasto efeito sobre elas. Não precisamos nos estender aqui sobre o relevante papel desempenhado pelo Sesc no desenvolvimento da cultura e da educação em nosso país -que não passa despercebido pelo cidadão medianamente informado e, menos ainda, pelos milhares de pessoas que diariamente se beneficiam de suas realizações.

Cabe assinalar apenas que é a crença no papel transformador da cultura -papel provocativo e emulador, eu diria- que confere a essa instituição lugar de destaque entre aquelas que apontam para a modernidade. Modernidade que transparece em todos os seus programas, os quais têm merecido, de renomadas organizações internacionais, o reconhecimento que aqui tem sido cada vez mais raro. O mesmo se pode dizer do Senac, formando e qualificando trabalhadores para o setor terciário, inclusive para as micro e pequenas empresas.

Quem perde mais com o Supersimples, entretanto, são os próprios trabalhadores dessas empresas, nas quais, aliás, se encontram os menores salários. Eles passam a constituir uma nova categoria de excluídos: aqueles que perderam seu direito ao Sesc e Senac porque suas empresas foram "beneficiadas" pelo Supersimples com a isenção. As empresas, em contrapartida, abdicam de sua responsabilidade social, vital para a redução das desigualdades sociais e para o desenvolvimento do país.

Era contribuindo com 1,5% (calculados sobre a folha de pagamento) para o Sesc e 1% para o Senac que elas assumiam sua parcela de responsabilidade para com a sociedade brasileira, inspiradas pelo ideário das lideranças empresariais que fundaram os "S", ideário que infelizmente parece esfumar-se nas mãos de algumas lideranças de hoje. De qualquer modo, Inês dorme, mas ainda não é morta. O Supersimples só entrará em vigor dentro de seis meses. É prazo suficiente para que seus autores reflitam e possam, talvez movidos agora por um genuíno espírito de modernidade, encontrar uma forma de reparar os danos provocados pelo atual texto da lei. Não se faz a omelete sem quebrar os ovos, é verdade; mas que omelete há de ser essa, quando se joga a gema fora?

DANILO SANTOS DE MIRANDA, 63, sociólogo, especialista em ação cultural, é diretor do Departamento Regional do Sesc (Serviço Social do Comércio) no Estado de São Paulo. É conselheiro do MAM (Museu de Arte Moderna de São Paulo), da Fundação Itaú Cultural e do Masp (Museu de Arte de São Paulo) e vice-presidente continental da Federação Internacional de Esportes para Todos.

Justiça libera novamente o YouTube

O desdobramento do caso YouTube se deu rápido. Acaba de sair no UOL a seguinte notícia:

09/01/2007 - 13h24Justiça suspende bloqueio ao YouTube no Brasil
Da Redação

O Tribunal de Justiça de São Paulo suspendeu nesta terça-feira o bloqueio ao site de compartilhamento de vídeos YouTube.Segundo despacho do desembargador Ênio Santarelli Zuliani, as operadoras de backbone podem liberar o acesso ao site. Contanto, elas devem informar ao Tribunal as razões técnicas da impossibilidade de bloquear apenas o vídeo em que a modelo Daniella Cicarelli e seu namorado Tato Malzoni trocam carícias íntimas em uma praia de Cádiz, na Espanha.O site começou a ser bloqueado nesta segunda-feira por empresas de telefonia após decisão judicial em favor da modelo. Ao menos 5,7 milhões de internautas não conseguem acessar o domínio www.youtube.com.

"O incidente serviu para confirmar que a Justiça poderá determinar medidas restritivas, com sucesso, contra as empresas, nacionais e estrangeiras, que desrespeitarem as decisões judiciais. Nesse contexto, o resultado foi positivo", diz o despacho de Zuliani.Rebatendo a pecha de censura, ele continua: "Impedir divulgação de notícias falsas, injuriosas ou difamatórias, não constitui censura judicial. Porém, a interdição de um site pode estimular especulações nesse sentido, diante do princípio da proporcionalidade, ou seja, a razoabilidade de interditar um site, com milhares de utilidades e de acesso de milhões de pessoas, em virtude de um vídeo de um casal."

A assessoria do Tribunal de Justiça, no entanto, reitera o bloqueio do acesso ao vídeo. "A determinação deve ser cumprida desde que seja possível, na área técnica, sem que ocorra interdição do site completo", diz comunicado. Segundo o TJ, o juiz da 23ª Vara Cível, onde corre o processo de origem, comunicará ainda hoje as empresas responsáveis para que restabeleçam o acesso ao restante do site.Oito empresas haviam sido incluídas no laudo técnico da Justiça para o bloqueio do YouTube. Brasil Telecom e Telefônica já tinham barrado o acesso.

O processo Cicarelli e Malzoni haviam processado o YouTube no ano passado por não ter retirado do site o vídeo em que os dois aparecem supostamente fazendo sexo no mar em Cádiz. Durante muitos dias o vídeo foi o mais assistido na Internet no Brasil.Os dois queriam a retirada das imagens do site e pediram o pagamento de multa diária de R$ 250 mil caso o vídeo continuasse disponível.O caso se arrastava há meses, e o casal iniciou um novo processo em dezembro, pedindo que o acesso ao YouTube fosse restrito enquanto o vídeo estivesse disponível.

YouTube fora do ar

O amigo ou amiga que acompanha o Ponto de Fuga vai notar que hoje (dia 9 de janeiro) há uns espaços em branco em certos trechos destas páginas. Nesses espaços foram postados vídeos, que não momentaneamente não podem ser acessados. Por quê? Porque o YouTube está fora do ar no Brasil. E por quê? Porque o Tribunal de Justiça de São Paulo acatou pedido dos advogados de Daniela Cicarelli e seu namorado, Renato Malzoni Filho. Eles não querem que o vídeo em que protagonizam cenas picantes numa praia seja mais exibido pelo YouTube.

Assim , a Brasil Telecom e a Telefônica – a essa altura creio que outros provedores também – bloquearam o acesso ao site de vídeos mais popular do mundo.

O método usado para o bloqueio foi a instalação de um filtro no backbone internacional dos provedores para impedir o tráfego de qualquer arquivo que venha do YouTube. Em poucas palavras, isso quer dizer o seguinte: a desfaçatez costuma alcançar níveis inimagináveis. Imbecilidade, afronta à liberdade na internet.

Com a polêmica a mil, o Tribunal de Justiça de São Paulo foi à imprensa, por meio de sua assessoria, dizer que o desembargador Ênio Santarelli Zuliani, o responsável pela sentença, não ordenou a retirada do YouTube do ar, mas sim impediu o acesso ao vídeo de supostas cenas de sexo da apresentadora.

Na prática, porém, o fato é que o acesso está fechado de uma maneira geral.

O que essa distinta senhorita Cicarelli ganha com isso? Notoriedade, algum novo contrato fabuloso no reino da mediocridade midiática? Certamente é isso o que ela busca. O esfrega-esfrega no balanço do mar lhe rendeu generosos espaços em revistas e tempo em TVs, convites de trabalho etc. Foi uma estratégia de fazer inveja aos mais arguto profissional de marketing.
Pois é. Há quem queira aparecer a todo custo, mesmo que seja deleitar-se no ridículo, nas agruras do patético.

Não é por acaso que já começa a crescer um intenso movimento na rede de repúdio a essa situação. Basta dar uma busca no Google e passear pela internet para constatar.

Sobre o bloqueio ao acesso do conteúdo do YouTube, o advogado Gilberto Martins, especializado em direito na internet, afirmou ao site Comunique-se dias atrás que o bloqueio para sites brasileiros seria inadequado. “É como se uma editora de livros fosse obrigada a fechar as portas caso publique um livro considerado problemático, comprometendo as vendas de outros livros, o que não é razoável”, declarou.

Ou seja, houve um problema pontual, mas não interessa: fecha, e estamos conversados.


Para saber mais sobre o assunto:

Comunique-se

IDG Now!

IDG Now! 2

Meio Bit

Monday, January 08, 2007

Elvis Presley, o aniversariante mais ilustre do dia

8 de janeiro de 1935. Cidade de East Tupelo, no Mississipi, onde corria a veia do blues. Nascia Elvis Aaron Presley. O garoto que freqüentava a igreja e se encantava com o gospel, R&B, e que aos 16 anos ganhou um violão. Ex-motorista de caminhão que vendeu, até hoje, mais de mais de um bilhão de discos. O homem de Blue Suedes Shoes. Elvis – The Pelvis. O prisioneiro do rock. O Rei.

Suspicios Minds



60 anos de David Bowie



8 de janeiro de 1947. Nascia no bairro de Brixton, em Londres, David Robert Jones, que a partir de 1967 lançaria seu primeiro compacto e depois viraria o rock de ponta cabeça. David Bowie, o homem de múltiplos personagens. O precursor do glitter. O Starman. O adorável lunático de Space Oddity, canção inspirada em 2001 – Uma Odisséia no Espaço, de Stanley Kubrick. 60 anos – vida longa ao criador de Ziggy Stardust.


Saturday, January 06, 2007

Blá blá blá egocêntrico

Pára de falar porra!


Estamos muito centrados em nossos próprios problemas, dilemas, desejos e não damos para a mínima para o que o outro tem a nos dizer. Não enxergamos o Outro como alguém com quem podemos aprender, enriquecer nossas experiências ou simplesmente nos divertir mutuamente. Olhamos apenas para o próprio umbigo

Poucas coisas são mais irritantes do que as pessoas que só falam de si mesmas. Mergulhadas no próprio umbigo, desandam a um palavrório que nada se assemelha a um diálogo, mas sim a um “monólogo com audiência”, se posso assim nomear esse que é um dos sintomas do desgaste das relações e do individualismo exacerbado dos dias atuais. Claro, há muitos que fogem a essa regra – graças a Deus! –, mas é comum depararmos com aqueles que só querem falar, falar, falar, e não trocam, não compartilham experiências. Em outras palavras, não reconhecem o Outro.

Para esses, o interlocutor nada mais é que uma extensão de si mesmo, uma múmia fadada a reverberar suas peripécias “maravilhosas” ou a aplaudir a mediocridade de sua existência. Sinal dos tempos: estamos muito centrados em nossos próprios problemas, dilemas, desejos e não damos para a mínima para o que o outro tem a nos dizer. Não enxergamos o outro como alguém com quem podemos aprender, enriquecer nossas experiências ou simplesmente nos divertir mutuamente. Olhamos apenas para o próprio umbigo.

A coisa acontece mais ou menos assim: o sujeito, ou a distinta – porque a praga acomete ambos os gêneros, embora se constate que o fenômeno ocorra em maior medida entre o sexo feminino –, começa timidamente a proferir umas palavrinhas amáveis, cordiais. Em seguida, solta o carro na ladeira e vâmo que vâmo.

“Porque EU fiz isso e aquilo; porque, de manhã, EU disse pro fulano de tal que etc e tal e depois ME aconteceu isso e aquilo e aquilo outro; sabe, EU gosto de amarelo, vermelho, roxo, azul, abóbora. Não, não, EU NÃO GOSTO DE ABÓBORA, TÁ ENTENDENDO?. Na verdade, EU gosto é de mamão papaia ou então maçã com pão integral. Mas a bem da verdade, não queria te dizer, mas EU gosto de sair à noite com meus amigos, e sabe que na balada de ontem à noite EU fiz e aconteci. Tudo bem que teve uma hora, que para pagar a conta, foi um horror e blá,blá,blá”

E mais blá blá, blá, bla.

Em outros tempos, era mais paciente e tolerava situações como essas. Ficava ouvindo, tentava mudar o rumo da “conversa”, deixava entrar por um ouvido e sair pelo outro, na esperança de que a criatura se tocasse e começasse a dialogar. Mas percebi que isso é besteira: quem age assim normalmente não tem a sensibilidade de perceber os sinais lançados pelo outro.

É por essas e outras que agora acho que só Ctrl + Del Salva.





Entrega

Cortei as mãos nos espinhos de uma rosa.
Era tão bela, tão sedutora a rosa
que me entreguei a ela
como se fora uma noite em que vale tudo,
em que vale a felicidade. (texto escrito em 2001)

Thursday, January 04, 2007

A fúria melódica de Nick Cave


As I sat by sadly by her side, de Nick Cave, é uma de minhas “músicas de cabeceira” há alguns anos. Para ser mais preciso, desde que comprei o disco No More Shall We Part, em 2001, mesmo ano de lançamento do CD desse excelente músico australiano que morou em São Paulo durante um certo tempo lá pelos idos dos anos 80 e começo dos 90. Canção melódica, melancólica, poeticamente triste mesmo: arrebatou meus ouvidos e coração de imediato. O disco todo é bom, aliás: destaques para And no more shall we part, Hallelujah, Oh My Lord e Love Letter.

Músico que gosta de abordar temas como Deus, religião, a morte e a devoção, Nick Cave nasceu em 1957 na cidade Warracknabeal. Uma de suas primeiras bandas, criada no começo dos anos 80, foi The Birthday Party, que se estabeleceu em Londres. Algumas perambulações mais tarde, Cave monta, com Mick Harvey, colega do The Birthday Party, a banda The Bad Seeds, em 1984, na ativa até hoje.

O primeiro clipe disponível aqui é o de As I sat by sadly by her side. A dose dupla musical, composta pelo vídeo de Do you love me?, do disco Let Love In, vale por ter São Paulo como cenário – ou melhor dizendo, algum inferninho da metrópole que não dorme nunca.

As I Sat by sadly by her side


Do you love me?

Wednesday, January 03, 2007

Baú de guardados

De vez em quando reviro meu baú de guardados. Rabiscos antigos, palavras e mais palavras: espelhos de épocas que se foram. Servem-me como uma bússola voltada para o passado, o que, paradoxalmente, me ajuda a compreender como sou hoje: o que me formou, como me construí, quais são meus alicerces.

É desse baú que vem o texto abaixo, que escrevi por volta do ano 2000. Na época, sentia a necessidade de refletir sobre as transformações pelas quais todos passamos nas diferentes etapas de nossa vida, mais especificamente na adolescência. O que fica do que primeiros sonhos, da experiência libertadora de descobrir o mundo pelos próprios passos?

Ao olhar para trás,percebo que é natural do ser humano construir filtros para selecionar o que ficará no passado e o que o acompanhará pelas inúmeras jornadas da vida. O importante é ter consciência desse filtro, para tirarmos o melhor proveito dessa experiência. E um dos grandes desafios desse processo é preservar a alegria de viver, o prazer de descobrir o mundo e, apesar de todos os percalços, continuar a ter sonhos. São eles que nos movem; são eles que nos humanizam.



Talvez um dia renegue a todos os ideais que me fizeram a cabeça aos quinze anos ou até aqueles nos quais nunca acreditei de verdade, mas que os vivi intensamente, e que por isso mesmo se tornaram tão verdadeiros que de fato acreditei neles como sendo minha única razão de viver. Talvez. Mas meu coração se assombra com essa visão e por isso se reveste com um escudo de flores.

Talvez assista a um filme e imagine o que faria se estivesse na pele do personagem.
Talvez pergunte o que faria se me fundisse com as telas na busca de um sonho inatingível, surrealista, e que justamente por esses motivos me criassem uma realidade tão comovente e reveladora.

Talvez me perca em delírios e não chegue a lugar algum.
Talvez vença o medo de ousar por caminhos desconhecidos e até me embriague com o frescor de uma certa nostalgia do futuro.

Talvez ultrapasse o limite da insensatez. Talvez veja a cara da morte, uma morte tão solene quanto imbatível. E tão bela quanto eficaz. Talvez acorde e perceba que nem todos somos felizes. (Clayton, ano 2000)