
Não tenho certeza e posso perfeitamente estar enganado, mas talvez a última grande retrospectiva de Godard é a que foi realizada em 2002, no Cinesesc. Tive a oportunidade de ver na ocasião muitos dos filmes agora programados pela Cinemateca, como Pierrot, le fou, Passion, Desprezo, Detetive, Tempo de Guerra, Uma mulher é uma mulher e Alphaville, entre outros. O gosto por essa descoberta está vivo até hoje em mim.
Maratonas cinematográficas como essas são uma ótima ocasião para desfazer mitos e preconceitos contra Godard. O primeiro deles é de que é um cineasta chato. Essa imagem surge do fato de que Godard busca um cinema que exige a interação por parte do espectador, ou seja, a entrega do espectador é fundamental para que de fato haja um diálogo entre a obra e quem a assiste. Ele não entrega a refeição mastigada; não é passatempo fast-food. Godard usa a forma para reforçar o discurso.
Anna Karina, musa de Godard

Feita essa observação, é preciso dizer que a carreira de Godard é feita de fases, das quais a inicial é composta por filmes que não fazem jus à má fama atribuída por quem é prefere um tipo cinema que dialoga mais facilmente com as grandes platéias.
Como bem observou Alcino Leite Neto, jornalista da Folha, em artigo de 2003, com Godard “ocorria, pela primeira vez, a emergência do pop no cinema, com imensa liberdade de estilo, rompendo todas as amarras da tradição cinematográfica e artística”.
Acossado

Embalado por um certo tom satírico e irônico, Acossado remete aos filmes noir produzidos nos EUA, com Michel Poiccard (Jean-Paul Belmondo), um debochado ladrão parisiense que admira Humprey Bogar, como protagonista. Esse personagem remete, às avessas, aos gângsteres dos filmes americanos. No filme, ele mata um policial que o perseguia pelo fato de ter furtado um carro. Poiccard quer fugir para a Itália e levar junto Patrícia (Jean Seberg), uma bela jovem americana.
Acossado é considerado um dos filmes – se não “o” filme – que inaugura o cinema moderno. Isso se deve, entre outros tantos motivos, pelas inovações no modo de filmar – especialmente na montagem, com uso da técnica de faux raccord, que quebra a seqüência das imagens e torna a narrativa ágil e fragmentada. Também deve ser destacada a abordagem moderna de temas como libertação feminina, política, a Guerra Fria, existencialismo e as aspirações da inquieta juventude dos anos 60.
Outros filmes que vão na contramão do senso comum – e podem agradar não apenas aos já fãs de Godard – são os já citados Pierrot, le fou, Alphaville, O pequeno soldado e Detetive.
Vou voltar ao assunto nos próximos dias.
Os filmes exibidos hoje na retrospectiva:
15h30 Acossado
17h20 Uma mulher é uma mulher
19h10 Viver a vida
21h00 O pequeno soldado
Atenção para o serviço:
Sala Cinemateca
Largo Senador Raul Cardoso, 207 – Vila Mariana
próxima ao Metrô Vila Mariana
Outras informações: 5084-2177 (ramal 210) ou 5081-2954
Ingressos: R$ 8,00 (inteira) / R$ 4,00 (meia-entrada)
Atenção: Estudantes do Ensino Fundamental e Médio de Escolas Públicas têm direito à entrada gratuita mediante a apresentação da carteirinha.
Para ver a programação completa, clique aqui
1 comment:
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