Wednesday, October 04, 2006
Crônica de um país degradado - sobre as eleições
“Simbolicamente, para meus olhos, a escola em que estudei é o reflexo de um país em processo de deterioração: país de escândalos políticos, corrupção, decadência moral, agressão aos valores humanistas. A visão da Escola degradada é o espelho de um Brasil violentado”
Clayton Melo
Dia de eleição significava para mim, em outros tempos, uma ocasião para renovar esperanças. No mínimo, para dar mais alguns passos para construir um país mais justo. Não que acreditasse que com apenas um voto tudo pudesse ser resolvido ou que meu papel de cidadão se encerrasse nas urnas. Muito pelo contrário. Sempre entendi o voto como um mecanismo importante, mas somente uma das formas de o cidadão se posicionar perante os rumos da sociedade.
Hoje, eleição deixa um gosto amargo na boca – especialmente a que se realizou no dia 2 de outubro de 2006.
Afora todas as considerações de ordem política, no entanto, dia de eleição tem para mim um sentido afetivo: é o dia em que, para votar, retorno à escola em que estudei durante praticamente todos os anos de minha vida escolar e que me relembra histórias de um tempo bom.
Só que essa visita agora também me deixa um gosto azedo: ambiente sujo, descuidado, paredes descascadas, cenário decrépito. Não escapa nem quadra em que fazia gols e sonhava ser um craque. Mal se vêem os riscos que delimitam o espaço de jogo. A linha do gol é um traço imaginário.
Coincidência?
Simbolicamente, para meus olhos, a escola em que estudei é o reflexo de um país em processo de deterioração: país de escândalos políticos, corrupção, decadência moral, agressão aos valores humanistas. A visão da Escola degradada é o espelho de um Brasil violentado.
Mas meu coração vagabundo teima em ver luz no fim do túnel. Que túnel?
Obs: a escola em que estudei se chama Martins Pena, é estadual, fica na Cidade Ademar, em São Paulo, e um dia teve uma coisa maravilhosa chamada Grêmio Livre Ernesto Che Guevara. Outro dia conto esta história, que marcou a vida de um montão de gente.
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